Constitui um fenómeno de desinformação qualquer conteúdo ou prática que se associe à divulgação de informação falsa ou pouco clara. De forma cada vez mais evidente, convivemos, na sociedade atual, com conteúdos manipulados ou falseados, fabricados intencionalmente para iludir o público e para servir objetivos de natureza política, económica ou mesmo estratégica. Na sua edição de 24 de novembro, o jornal Público alertava para os perigos da ação de desinformação de origem russa, que difunde uma tal quantidade de conteúdos falsos que a própria Inteligência Artificial está a tomá-los como reais, ajudando à sua difusão e criando a ideia de que são factuais.

A palavra desinformação é bastante recente. Terá surgido na língua russa com a forma dezinformatsiya, em 1949, e daí passou para outras línguas. Em português, a palavra tem na sua base a forma verbal informar, à qual se associa o prefixo des- com valor de negação dos sentidos de «partilhar conhecimento,  dar esclarecimentos, tornar públicos determinados factos» (Dicionário Houaiss). Assim, numa sociedade onde se evoluiu para a informação ao minuto avança-se também para a desinformação em massa.

A palavra desinformação funciona como termo hiperónimo da expressão «notícias falsas» (do inglês fake news), que designa as informações falsas que são divulgadas sobretudo nas redes sociais, mas também em alguns meios de comunicação social. As notícias falsas têm sido consideradas uma das mais sérias ameaças à democracia moderna porque, sobretudo na política, têm sido colocadas ao serviço do ataque a figuras públicas e da difusão de ideias que podem constituir ameaças à vida em sociedade. O combate à desinformação e às notícias falsas exige uma atitude de cidadania ativa e a adoção consciente de medidas que passam pela capacidade de identificar os processos de construção e difusão de ideias falsas e exigem a capacidade de verificar factos e fontes (para mais informações, cf. conselhos do Parlamento Europeu).