CTT, IMI, sr. e sr.ᵃ.
Entre siglas, acrónimos e abreviaturas: os processos de economia linguística
Os falantes procuram frequentemente formas económicas de referir determinadas realidades cuja designação é longa ou difícil de verbalizar/redigir. Para tal, a língua dispõe de diversas estratégias que permitem obter formas abreviadas, que, não raro, passam a ser as únicas utilizadas (ou mesmo reconhecidas), como ocorreu, por exemplo, com TAC, IVA, covid, CGTP ou UNESCO.
Os processos de formação destas palavras socorrem-se de diversas estratégias que aqui registamos:
(i) sigla: talvez a designação mais conhecida e que corresponde à formação de palavras por meio da utilização das letras iniciais de cada um dos vocábulos que integra uma dada expressão ; deve escrever-se com letras maiúsculas e ler-se soletrando as letras, como acontece em GNR, HIV ou ONG;
(ii) acrónimo: formação de palavra a partir da combinação de letras ou sílabas, que normalmente encabeçam cada palavra da expressão; deve escrever-se com letras maiúsculas e ler-se de forma silábica, tal como se verifica em IMI, NATO ou IVA;
(iii) abreviatura: registo abreviado de uma palavra por meio da omissão de letras (frequentemente, as finais de palavra), de que são exemplo n.º, prof., ou eng.
Siglas e acrónimos não deverão apresentar pontos entre cada letra e estas formas não flexionam no plural, pelo que é incorreto associar-lhes um -s final (*ONGs). O Código de Redação Interinstitucional, documento da União Europeia, assinala também que se os acrónimos tiverem mais de seis letras deverão ser grafados apenas com maiúscula inicial (como em Unesco). Por seu turno, as abreviaturas escrevem-se ora com minúscula ora com maiúscula, segundo a sua posição no texto e têm forma plural (como em srs.).
Note-se ainda que alguns acrónimos, por força do uso, acabam por se converter em nomes comuns, pelo que passaram a escrever-se com letras minúsculas, podendo até variar em número, como acontece com óvni – óvnis (do acrónimo o[bjeto] v[oador] n[ão] i[dentificado]), que, ao passar a ser usado como nome comum, recebeu inclusive um acento agudo. Alguns acrónimos podem mesmo evoluir no sentido de dar origem a novas palavras, como ocorreu com sida – sidoso ou covid – covidário.
