Antissemitismo, semita e Sem: palavras num mundo em convulsão
O mundo está em profunda convulsão e a paz parece cada vez mais uma realidade distante face aos conflitos que tanto se perpetuam a nível global como surgem a nível local. Território, terras raras, poder ou religião são alguns dos fatores que justificam o uso de armas e a conceção da morte como instrumentos para atingir um dado objetivo. Neste final de ano, vemos a guerra na Ucrânia resistir perante esforços de paz que envolvem condições pouco transparentes. Assistimos também, incrédulos, ao ataque que teve lugar em Bondi Beach, na Austrália, onde pai e filho atingiram a tiro membros da comunidade judaica, numa ação que provocou a morte de pelo menos 11 pessoas e feriu mais de 40.
Acontecimentos como este mais recente levam a que se volte a falar de antissemitismo, um nome comum que observamos à lupa nas suas várias camadas de formação. Antissemitismo é palavra formada por prefixo de valor negativo (anti-), que se juntou à base semitismo. Esta última, por seu turno, formou-se por sufixação, por meio do sufixo -ismo, que aponta para o valor de «seguidor de algo, adepto de». O nome comum semita, na base das palavras anteriores, formou-se pela junção do sufixo -ita (com valor de «associado a uma doutrina ou religião») ao antropónimo bíblico Sem, nome de um dos filhos de Noé. A palavra semita refere, assim, o grupo étnico e linguístico que tem como ancestral a figura de Sem e refere, na sua origem, o grupo dos hebreus, assírios, aramaicos, fenícios e árabes. Não obstante, comummente, o significa de semita passou a usar-se com um valor mais restrito que designa apenas o grupo dos judeus. Daí que os termos antissemita ou antissemitismo sejam mobilizados para referir sobretudo aqueles que se opõem aos judeus.
