Não faltam alunos luso-descendentes, na Europa e na América, a querer aprender português; não faltam professores — aliás, sobram. Houve 30 milhões de euros gastos em dois anos e já foi anunciado mais financiamento. No entanto, o número de alunos inscritos em cursos de português em todo o mundo é de apenas 84 mil. O que falta então no ensino do português?
«Escrever é complicado e penoso, dá imenso trabalho, muito para além dos limites incautos da imaginação. Complicação, sofrimento — e sobretudo trabalheira — do processo de escrita em si, independentemente do tirocínio de quem o pratique, explicam muitos dos fracassos da escolarização quanto ao colocar a miudagem, lápis em riste, em frenesis criativos.» Assim escrevia Maria Lúcia Lepecki, num artigo da revista Superinteressante, sugestivamente intitulado "Insista, p.f." (Fevereiro, 2004). Imagine-se, então, o quanto aterrador pode ser pedir a um aluno uma análise crítica de uma narrativa, sem mais nenhuma instrução, plano ou exemplo.
No programa Língua de Todos (RDP África, dia 21, 13h15*, com repetição no dia seguinte, às 9h15*): a língua portuguesa que salta e avança em Moçambique. Como em Angola. Como nos outros países africanos da CPLP. No primeiro caso: podemos hoje já falar de moçambicanismos? A opinião do poeta e sociólogo moçambicano Filimone Meigos.
*Hora de Portugal continental.