Trabalho publicado na Revista 2, suplemento do jornal português Público, e da autoria da jornalista e investigadora Raquel Ribeiro, que fala da figura do professor Thomas F. Earle, professor catedrático jubilado da Universidade de Oxford (St Peter´s) e grande especialista em literatura portuguesa do Renascimento. Manteve-se a ortografia usada no original.
Durante anos, foi o aluno solitário de Português em Oxford. Depois, o único professor. Mas foi essa “solidão” que transformou Tom Earle num dos mais dedicados defensores dos Estudos Portugueses no Reino Unido, durante mais de 50 anos. A Revista 2 falou com ele e percebeu por que razão “infinitivo pessoal” é a declinação rebelde do britânico que se apaixonou pela língua portuguesa por causa da gramática.
Cheguei a Oxford pela primeira vez, em 2011, para leccionar Literatura Moçambicana, mas não fazia ideia sobre o que era um tutorial e como conduzir essa espécie de aula com apenas um ou dois alunos. Aconselharam-me a assistir a um sobre Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, com o experiente professor Thomas F. Earle, decano dos Estudos Portugueses no Reino Unido, especialista em Literatura Renascentista.
Ao receio de ser intrusa num momento quase íntimo entre professor e alunos, sentada, à parte, observando, tirando notas, seguiu-se o espanto, quase estupefacção, ouvindo aqueles miúdos de 19 anos entusiasmados com as viagens de Mendes Pinto, um texto do século XVI que eles leram na íntegra quando nós, em Portugal, lêramos apenas partes, das quais nem nos lembrávamos.
Esta nota pretende esclarecer o que há de especial num professor amado pelos seus colegas e alunos ao longo de 50 anos dedicados ao estudo e ao ensino de cultura e literatura portuguesas em Oxford. Esse encantamento não existe apenas do lado de lá da aula — ele vem do professor, apaixonado pela língua e por Portugal.
Não surpreende, então, que Tom Earle, 67 anos, reformado desde 2013, afirme à Revista 2: “Lamento dizê-lo, mas um professor que venha de Oxford e chegue a uma universidade portuguesa para dar aulas fica muito desapontado com a reacção dos estudantes: é que muito raramente fazem perguntas!” Essa é uma das diferenças no ensino lá e cá: “Em Portugal, há esta ideia de que o aluno é uma espécie de recipiente vazio onde o professor despeja informação. É economicamente mais barato. É muito fácil dar uma aula, os alunos tiram notas e depois repetem tudo no exame. A educação britânica não é assim: a intenção é saber retirar do aluno o que ele ou ela tem para dar.” Daí a importância do diálogo, de que o tutorial é exemplo: “O objectivo do professor é instigar uma resposta pessoal no aluno. O professor faz perguntas e o aluno responde. O professor tenta, contudo, fazer perguntas que estimulem o aluno a reagir de uma forma informada, original, mas sempre pessoal.”
Se hoje Oxford é uma universidade onde o estudo de Português está a crescer consideravelmente (como em todo o Reino Unido, aliás), não era assim quando Earle começou, em 1964. Foi um aprendiz isolado, único aluno durante todo o curso e, depois, o único professor, antes de o departamento crescer — nos últimos quatro anos, as turmas passaram de dez alunos para 17, como acontecerá no ano lectivo de 2014-2015, um número recorde.
Nos anos 1960, ter uma formação clássica significava estudar Latim e Grego, “não havia mais nada”. Earle estava “ansioso por estudar outra língua, mais moderna: o Espanhol podia ser um escape, mas naquela altura toda a gente via o Espanhol como uma língua que nenhuma pessoa inteligente deveria estudar”, ri. Um professor que estudara Francês e Português, precisamente em Oxford, aconselhou-o a aprender Português. “Hoje admito que foi uma escolha muito acertada e decisiva na minha carreira: nunca tive muita competição, porque não havia outros estudantes!” Português era uma língua que ninguém queria aprender.
Chegou a Portugal em 1964. “Foi extremamente interessante”, diz. O país, as pessoas, a comida, o clima? Nada disso: “Interessante de um ponto de vista gramatical”, explica, revelando-se um professor apaixonado pela sua “musa”, a língua portuguesa: “O meu treino em Latim e Grego era muito rigoroso, muito rígido. Era muito difícil imaginar línguas modernas que conseguissem sair da rigidez sintáctica e gramatical do Latim. Lembro-me de ficar totalmente surpreendido e fascinado por a língua portuguesa ter uma coisa que se chamava ‘infinitivo pessoal’.”
Revisão da matéria: infinitivo pessoal, forma inflexionada de um verbo no infinitivo. Forma-se a partir do próprio infinitivo, com a adição do sufixo. Exemplo: para eu fazer, para tu fazeres, para nós fazermos. “O Latim tinha este prestígio extraordinário durante muitos séculos. Não podia haver derivações extravagantes à língua e tudo o que já não fosse Latim seria uma derivação. Em Latim, o infinitivo não declina. Eu estava maravilhado com os portugueses: eles ousaram inventar um tempo verbal que não estava no Latim.” “Infinitivo pessoal” era “uma espécie de rebelião da língua; foi essa pequena rebeldia que me levou a estudar Português”.
O jovem Earle chegou a Lisboa, a um “lar universitário só de rapazes”, na Rua Nova de São Mamede, ao Rato. “Aquela introdução a Portugal foi excelente, porque vinha de um colégio privado em Inglaterra, uma escola muito tradicional, muito institucionalizada. O lar não era muito diferente da escola, mas a atmosfera era muito melhor. Claro, eu quase não falava português, mas os rapazes eram simpáticos. E as refeições excelentes!”, conta. Esta era a grande diferença: “Estes jovens sentavam-se a horas concretas para o pequeno-almoço, almoço e jantar e conversavam” — o que não acontecia nos silenciosos e sóbrios colégios britânicos. “E bebíamos sempre vinho. Parece que na época o bastonário da Ordem dos Médicos tinha recomendado tomar 2dl de vinho tinto a cada refeição”, conta Earle, rindo. “As garrafas estavam sempre disponíveis, excepto ao pequeno-almoço.”
Diz que era “inocente e muito pouco politizado”, mas apercebeu-se, ao viajar por Espanha e Portugal, de como as ditaduras impunham um ambiente opressor nos dois países. A questão da Guerra Colonial foi a que mais o impressionou: “Muitos daqueles rapazes estavam à espera de ir para a tropa. Podiam terminar os estudos e fazer depois o serviço militar, mas já naquela altura me chocava que após uma licenciatura de cinco anos, aos 23 anos, eles ainda teriam de fazer mais quatro de tropa. Isso queria dizer que antes dos 30 não podiam ser adultos livres. Impressionou-me muito.”
Não se pense, contudo, que os tentáculos do Estado Novo não chegavam a Oxford. Começando a leccionar imediatamente após concluir o curso, Earle fazia, ao mesmo tempo, o doutoramento no King’s College, em Londres, a mais antiga Cátedra de Estudos Portugueses no Reino Unido (aberta desde 1919), sob orientação de Luís de Sousa Rebelo. E conhece Hélder Macedo, então aluno no King’s. Apesar de o ensino de Português em Oxford nunca ter sofrido interrupções desde os anos 1930, quando Earle começa a leccionar, em 1968, dá-se um conflito diplomático entre a universidade e o Estado português. Vários alunos portugueses em Oxford queixaram-se ao vice-chanceler de que os Leitores enviados pela Junta Nacional de Educação e Saúde não eram realmente professores de Português, “mas agentes da PIDE, que espiavam os portugueses que aqui estudavam”, explica Earle. “Esse problema nunca se pôs no King’s”, conta Hélder Macedo à Revista 2. Nos anos 1960, o director da cátedra do King’s, Charles Boxer, “disse que não queria Leitores de Portugal, precisamente por causa das interferências políticas. Só depois do 25 de Abril é que tivemos Leitores no King’s, havia vários candidatos e eu escolhia quem queria no departamento”, diz Macedo.
Para Oxford, vieram novos Leitores depois dos protestos e em 1969 chegou Manuel Lourenço, “um excelente Leitor, tão, mas tão longe de ser um agente pidesco”, pai do escritor e classicista Frederico Lourenço. Desde então, por Oxford (e também pelo King’s), passaram ilustres nomes da literatura portuguesa, como Maria Velho da Costa, José Cardoso Pires, Gastão Cruz, em Londres, ou Luís Miguel Nava, em Oxford. Numa edição especial da revista de poesia Relâmpago, dedicada aos dez anos da morte de Nava (em Bruxelas em 1995), lia-se, num testemunho do seu amigo Andrew Benson, sobre os tempos do poeta em Oxford: “O Luís Miguel nunca se adaptou muito bem à Inglaterra — o clima húmido de Oxford, a (naquele tempo) falta de cafés ou bares que fechassem tarde, os excêntricos costumes e os hábitos culinários britânicos, as singularidades da tradição de Oxford, os longos e escuros invernos, a política metida numa camisa de forças, o aparente conservadorismo puritano, que mascara uma suposta hipocrisia, as insondáveis e impronunciáveis subtilezas da língua inglesa.” Páginas adiante, uma foto de grupo: Gastão Cruz, Luís Miguel Nava, Maria Lúcia Lepecki e Tom Earle, numa visita especial de Eugénio de Andrade.
Havia uma certa solidão em Oxford, sempre ambivalente entre pertencer ou ser-se um outsider. Mas foi também essa “solidão” que fortaleceu Earle, primeiro como aluno, depois como professor. “Tive muito trabalho, mas que me deu um background incrível. Hoje a literatura portuguesa faz todo o sentido para mim”, explica. Teve de ler tudo, desde a fundação do país até “aos autores que estavam na moda nos anos 60 e 70”: os neo-realistas, Alves Redol, Carlos de Oliveira, Fernando Namora. Para um renascentista, entusiasmado com a poesia de Sá de Miranda (tema do seu doutoramento), tudo era novo. “Isto mostra bem como, por vezes, não podemos planear as nossas vidas: gostei de ir a Portugal, de aprender português, e confesso que gostei de ser a única pessoa a fazê-lo. De certa maneira, isso deu-me algum prestígio.”
Nos anos 1990, abriu em Oxford a primeira Cátedra de Estudos Portugueses, intitulada rei D. João II. O rei do Renascimento e a área de estudos de Earle é mera coincidência — hoje, o lugar é do professor Phillip Rothwell, especialista em Literatura Lusófona. “Andávamos atarefados, a tentar conseguir financiamento para os Estudos Portugueses”, conta Earle. Na altura, Fernando Abecassis, engenheiro que fizera o doutoramento em Oxford, “ajudou-nos a estabelecer contactos e arranjar mecenas”. Como não havia um significativo, “perguntei ao senhor engenheiro que nome é que ele queria para a cátedra”. Ele escolheu Rei D. João II, que era “o seu rei favorito”. “Foi por acaso: podia ter-se chamado Espírito Santo ou Stanley Ho, se eles tivessem doado dinheiro”, graceja Earle.
O mais jovem estudante de doutoramento de Earle é Simon Park, 25 anos. Ele está do “outro lado” do fio que une estes 50 anos: “Perguntaram-me na entrevista para Oxford por que queria estudar Português. E apercebi-me de que esta língua deveria ser uma espécie de tesouro porque, excepto de Saramago e de Paulo Coelho, nunca tinha ouvido falar de mais nenhum autor, não se encontravam autores portugueses nas livrarias britânicas”, conta Park. “Senti que deveria haver uma quantidade enorme de literatura que ainda ninguém tinha ‘descoberto’ ou lido.” É essa a premissa de Tom Earle no seu livro sobre a poesia de Sá de Miranda: como falar de um assunto sobre o qual ninguém sabe nada no Reino Unido, numa língua que quase ninguém estudou? Parece que, 50 anos depois, o mito da língua misteriosa ainda se mantém, ainda que as coisas hoje estejam a mudar.
A essa mudança também não é alheio o trabalho de Earle, incansável nos estudos renascentistas. José Cardoso Bernardes, professor da Universidade de Coimbra, começou por conhecer Earle, de quem hoje é amigo, “de livro”, a partir do trabalho sobre Sá de Miranda: “Li esse livro com muito agrado, sentindo-me atraído, desde logo, por algumas características preciosas: tratava-se de uma tese fundamentada e clara, permitindo-nos concordar ou discordar. Nem sempre é assim nos estudos literários”, diz Bernardes. A obra de Earle, continua, “impressiona, desde logo, pela quantidade” e depois pela variedade “das edições aos trabalhos de crítica e de história literária”. Mas impressiona também “pela imprevisibilidade ou pelo não alinhamento académico de alguns temas”, diz Bernardes, que destaca o inefável trabalho de editor de Earle: “Se não fosse ele, não teríamos ainda hoje uma edição fiável da obra de António Ferreira ou das Comédias de Sá de Miranda.”
O objectivo de Earle foi sempre fazer brilhar os poetas, “trazer a poesia à superfície”, para ser lida, desfrutada. Quando se trata de textos renascentistas, é importante o processo de organizar, não só de publicar os textos, mas fixá-los, “traduzi-los” de maneira a ser compreensível para o leitor contemporâneo. Em Portugal, essa tarefa é quase inglória, diz Earle, que publicou edições críticas de Damião de Góis ou António Ferreira: “O que precisamos é de antologias poéticas. O ideal era que cada autor tivesse várias edições, todas elas diferentes, para um mercado diferente.” Isto é: edições anotadas para estudantes, comentários críticos para académicos e de bolso, acessíveis ao leitor comum. “Há 50 anos, entrava-se numa livraria em Portugal e podiam-se comprar livros de Sá de Miranda, de Camões. Agora não.” Continua: “É deprimente. Em Portugal, muitos alunos lêem clássicos em fotocópias! Ou então compram a edição fac-similada de luxo da poesia de Sá de Miranda e andam com o tijolo pelas aulas em Coimbra.”
Algo de errado se passou com a literatura portuguesa, diz Earle. Claro, está a acontecer no mundo inteiro, as pessoas lêem cada vez menos, mas há “conquistas da Primeira República” em Portugal, “muitas continuadas pelo Estado Novo, como a fixação de um cânone literário que produzia para cada movimento literário um autor português seu equivalente”, que se estão a perder. A literatura “era vista como um tesouro nacional, e mesmo que o Estado Novo não tivesse de facto feito o melhor uso dele, pelo menos ele estava ali, disponível”. Hoje, o ensino de literatura no secundário está reduzido “a um número insignificante de escritores: uma peça de Gil Vicente — em Oxford, os alunos lêem mais de dez peças de Gil Vicente —, um bocadinho de Lusíadas, um sermão do Padre António Vieira, e no século XIX, Camilo e Eça”. Pouco mais.
A luta de Earle pela literatura portuguesa, diz Bernardes, “é muito positiva e esperançosa, bem mais positiva do que aquela que parece existir em alguns académicos portugueses”. Talvez por isso Earle revele “alguma dificuldade em compreender e aceitar que, num país que tem poucos filósofos, poucos músicos, poucos pintores mas muitos escritores, não se valorize mais a literatura quer no ensino quer na investigação”.
Será que em Portugal ainda vemos os poetas como mitos, longe de nós, humanos? Será quase um sacrilégio ler Sá de Miranda ou Camões numa edição de bolso, na cama ou na praia, como lemos um contemporâneo? Earle concorda: “Consideramos estes autores inacessíveis. Os Lusíadas, por exemplo, são um texto mágico, belíssimo, que serve apenas para exibir na sala com uma encadernação muito bonita, mas nunca para ser aberto.” Há, sim, uma espécie de “veneração e distância” na relação dos portugueses com os poetas. “Talvez porque, no mundo anglo-saxónico, a literatura seja valorizada por puro prazer estético, quase como um substituto da religião.” Em Portugal, não: “Shakespeare, por exemplo, é uma espécie de Bíblia, uma fonte de beleza e de verdade. Em Portugal, ainda se vê a literatura como contendo apenas informação cultural sobre o passado. Para muitos, não importa o que Camões escreveu porque não estão particularmente interessados nesse período.”
Há uns anos, num tutorial, Earle perguntava ao seu aluno: “Simon, gosta de Camões?” Simon não sabia responder. Sentia que Camões era interessante, mas o professor dizia-lhe, surpreendido, que não parecia gostar muito de Camões nem estar “muito apaixonado pelo assunto”. Simon ficou a pensar na pergunta e regressou meses depois para ler António Ferreira. “Algo em Ferreira me tocou, o que não aconteceu com Camões”, diz.
No final do ano, Earle explicou o porquê da pergunta: “Simon, eu não entendia por que não gostava de Camões, mas agora percebo porque gosta mais de Ferreira. O Simon é mais um Ferreira-man, do que um Camões-man.” Surpreendido com aquela revelação sobre a sua identidade, Simon perguntou: “Como assim?” “Well”, disse Earle: “O Simon parece-me muito reservado e não muito em contacto com os seus sentimentos.” Simon matutou. E chegou a esta conclusão: “Se considerarmos que o Camões tem aquele extravasar de emoções, toda aquela paixão, talvez Ferreira seja quase britânico, reservado, tímido, sempre bem comportado, escreve boa poesia mas não é de modo nenhum selvagem ou rebelde.” Por isso, pergunta Simon: “Haverá um lado camoniano em Tom Earle?” Será Earle um Camões-man?
“Há qualquer coisa no Camões…”, ri-se Tom, tímido, quando lhe devolvemos a pergunta. Camões é melhor poeta do que Ferreira: “Ele consegue controlar aquela retórica confiante, extremamente difícil, a mesma retórica que as pessoas encontram no Shakespeare: não conseguimos parar de ler porque as palavras simplesmente voam.”
Talvez ainda não consigamos olhar para Camões como um homem. Daí que Earle diga que “pusemos Camões num rochedo, como Adamastor”. É preciso “libertar Camões”, ou seja, “libertar o leitor de Camões, para que ele leia naquele texto o que quiser. Nós transformámos o poeta no rochedo — ele pode ter sido o herói do Estado Novo ou, como alguns críticos apontam, um precursor de Marx. Mas ambas as coisas não se excluem. É preciso aceitar Camões pelo que ele é”.
“Tom é um personagem”, conclui Simon, rindo. Minutos antes, Earle passara de bicicleta e com a “pasta folclórica”, como os alunos de Coimbra apelidaram a sua pasta velha quase a desfazer-se, da qual o professor não se separa. “Só em Oxford é possível captar Tom Earle na plenitude dos seus atributos: a pasta, claro, mas também a bicicleta a que recorre todas as manhãs, mesmo quando tem de enfrentar intempéries. Apreciadas no seu conjunto, pasta e bicicleta, representam bem a honrada tenacidade do scholar de eleição”, conta Bernardes. Não esqueçamos o bule de chá com que sempre nos recebe num tutorial. “Tom é muito reservado”, diz Simon, “mas calculo que, como Camões, ele também deve ter um lado selvagem. Algo que o fazia saltar o portão do colégio, de noite, como quando era estudante em Oxford.”