DÚVIDAS

Pronúncia do e mudo não grafado

Eu gostaria de saber algo mais sobre a pronúncia europeia do e mudo nas posições quando ele não é escrito, principalmente antes de líquidas finais (-r e -l). Pronunciar -r e -l como -re e -le considera-se correcto ou não? Pergunto isso porque aqui na Croácia há quem ignore a presença dessa pronúncia dizendo que não podemos pronunciar o e mudo se ele não é escrito.

É verdade que o português do Brasil não conhece a pronúncia das palavras Brasil, Portugal, ver, amar, senhor como se elas fossem escritas Brasile, Portugale, vere, amare, senhore. Mas, esta pronúncia é muito comum quer em Portugal quer na África lusófona. Conheço uma italiana que aprendeu a falar português em Moçambique. Ela disse-me que lá pronunciam as palavras Brasil, amar, senhor quase como em italiano, quer dizer: /Brasile, amare, senhore/. Porque é que os portugueses (frequentemente) e os africanos (muito frequentemente) conservaram essa pronúncia e os brasileiros não?

Por favor escrevam alguma coisa a respeito.

Muito agradecido.

Resposta

Em Portugal, as pessoas cultas não pronunciam Brasile, senhore. Há, contudo, regiões onde algumas pessoas do povo menos cultas acrescentam um e mudo às palavras terminadas em r e l, mas nem sempre. Vou dar um exemplo. Suponhamos que alguém chama um homem cujo nome é Manuel; poderá pronunciar assim: Ó Manu-é-é-éle!

É, porém, um e que pouco se percebe por ser mudo. Mas esta pronúncia não a ouvimos em todas as regiões. Não é uma pronúncia geral.

 Basta ouvir-se a TV portuguesa para se verificar que essa pronúncia não é a verdadeira. No entanto, até uma pessoa culta pode pronunciar esse e em determinadas circunstâncias. Mas casos destes dão-se, geralmente, nas outras línguas. Outro exemplo, em determinadas circunstâncias:

O quê? Então o Manuel já não quere?

No nome próprio Manuel não põem o tal e, mas sim na palavra quer.

A intensidade com que se pronuncia a forma verbal quer pode levar o falante a acrescentar um e mudo que mal se percebe. Isto pode-se dar mesmo com pessoas cultas.

Quanto à pronúncia de África, nada posso dizer, porque nunca lá fui.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa