Em mosca o o representa a evolução do u tónico breve (deu ô). Mosquito é derivado de mosca já em português. Em vício, apesar de o i tónico provir de i breve latino, manteve-se este por eruditismo (a palavra vezo, com ê, é que representa a evolução normal, popular, do étimo). Grito não vem de clamor (como é evidente!) mas é derivado regressivo de gritar, que representa o latim quiritare. Esfinge representa perfeitamente o seu étimo. Em lebre, o p intervocálico passou normalmente a b e o o do acusativo lepore(m) caiu depois por a palavra ser esdrúxula. Brincar não tem nada com ludere; parece ter vindo do germânico blinkan "gracejar". Domar vem do latim domare (com o!). Distinguir procede de distinguere, palavra esdrúxula no latim clássico, que passou a grave e mudou de conjugação (-ere deu -ire) no vulgar. Em potável, palavra semierudita (porque manteve o t intervocálico, em vez de o sonorizar em d), o b deu v, o que é normal na evolução do sufixo -bilis, cujo i breve e átono (o que está depois do b) deu e aberto, por causa do l, que o abriu. Infeliz vem de infelice(m), no acusativo (caso normal na passagem do latim para o português), com passagem do c a z, depois de muita evolução fonética. Consulte para este assunto por exemplo a Gramática Histórica da Língua Portuguesa, do prof. José Joaquim Nunes, editada em Lisboa, donde poderá mandá-la vir, pois julgo não estar esgotada.