A palavra coração só pode ter um til pelas seguintes razões:
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Em ão, temos apenas uma unidade e não duas. É o ditongo ão.
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Sendo assim, se puséssemos o til no o, teríamos de pronunciar as duas nasais distintamente, que podemos figurar assim: coraçã-õ.
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No ditongo ão, a nasalidade está com toda a sua força na vogal a e não na vogal o.
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Repare-se, até, no seguinte: quando pronunciamos o ditongo de coração, a nasalidade diminui fortemente desde o momento em que fazemos a transição do som a para o som o, de tal modo que, quando chegamos ao fim da pronúncia do ditongo, quase não há nasalidade no o. É claro que não tenho aqui nenhum aparelho com que possa provar o que digo. Isto é apenas o resultado de simples observação.
Nota. – Um vez que se interessa pela Língua Portuguesa, peço licença para corrigir um errozito muito comum. Termina a sua consulta com o seguinte agradecimento, que muito aprecio:
"Obrigado pelo tempo perdido...".
A palavra obrigado é um termo de agradecimento, e significa agradecido, grato, reconhecido.
Tal como uma mulher não diz que fica agradecido, grato, reconhecido, mas sim que fica reconhecida, grata, agradecida, dirá também que fica obrigada.
Uma mulher não dirá para um homem: "Olhe, senhor Manuel, fico-lhe muito obrigado pela sua ajuda." Dirá «fico-lhe muito obrigada». E se quiser ser breve, dirá apenas: obrigada!