Creio que as bases deste pleonasmo surgiram nos países anglo-saxónicos, onde o jornalismo da rádio e da televisão se desenvolveu mais depressa. O dicionário Oxford define imprensa (ou A Imprensa) como «os jornais, magazines, secções noticiosas da rádio e televisão e os jornalistas que trabalham para eles»: portanto, imprensa radiofónica, imprensa televisiva e imprensa... escrita.
Temos, aqui, uma extensão de sentido capaz de legitimar o pleonasmo justamente apontado por Valdemar Cruz, jornalista com formação universitária na área da linguística. No princípio do século, contudo, quando o significado de imprensa era mais restrito do que hoje, também havia uma extensão de sentido não apenas em relação à época da composição manual com caracteres de madeira (a prensa... o prelo...) mas igualmente em relação, por exemplo, ao ano de 1852 – quando, no Dicionário Fonseca, imprensa era só tipografia. Depois, o termo que inicialmente designava a técnica de imprimir passou a abranger os indivíduos que, mercê desta tecnologia, podiam fazer notícias destinadas a muitos milhares de leitores.
Não obstante tal fundamentação, estão disponíveis outras expressões: jornalismo impresso, jornalismo radiofónico, jornalismo televisivo. Há quem diga radiojornalismo e (menos) telejornalismo.
Imprensa escrita é pleonasmo agravado. Redundante pelo motivo que Valdemar Cruz aponta (a imprensa é sempre escrita) e porque, empregando-se imprensa em sentido lato (o do dicionário Oxford), devemo-nos lembrar de que apenas se não escreve o jornalismo da rádio e televisão da transmissão directa de acontecimentos inesperados. E até o estilo destas transmissões não deixa de ser uma mistura de oralidade e dos clichés da escrita que permitem a elaboração rápida das notícias.
Admitamo-lo, contudo: imprensa (em sentido lato) e imprensa escrita – apesar de aquele termo primar hoje pela ambiguidade e este pela redundância – soam ambos melhor. São mais coloquiais. Contra a gramática de ouvido e a lei do menor esforço, em qualquer língua, a gramática de laboratório pouco pode fazer.