Talvez não seja uma coisa nem outra.
Se a citação pertencer à canção em que estou a pensar – na qual se diz que as rosas não falam, simplesmente exalam perfume –, teremos um texto denotativo: um texto em que se empregam palavras com o seu significado básico.
Não se trata de prosopopeia (no Brasil, prosopopéia), porque esta é figura de estilo em que se atribui o dom da palavra a seres inanimados, a animais irracionais e até aos mortos. «O mar avisou: – Vai para casa, pescador!» Na frase apresentada da pergunta, faz-se o oposto, quando se diz: «As rosas não falam.»
E metáfora também não será. Metáforas são palavras ou frases que se empregam em sentido figurado, pertencendo, pois, à linguagem conotativa. Numa expressão metafórica, o significado "natural" de uma palavra ou frase transfere-se para outra por uma relação de semelhança que se subentende. Quando o namorado diz à namorada: «Tu és uma rosa», quer dizer que a sua interlocutora é bela.
A interpretação poder-se-á complicar, mesmo no texto que citei de memória (as rosas não falam, simplesmente exalam perfume), porque é possível construir com linguagem básica um texto poético que, por constituir manifestação de arte no seu todo, não deixa de ser de algum modo "metafórico". Independentemente das figuras de estilo utilizadas, penso não existir arte poética cujos textos, na sua singularidade, não sejam "metáforas".
Se eu todavia disser – fora de tal contexto – que «as rosas não falam», então não haverá dúvida (nem metáfora): teremos linguagem básica, denotativa.