Pergunta:
Ultimamente, ouve-se com frequência crescente a utilização das partículas à frente de verbos como indagar, averiguar, saber, aferir, perguntar, em expressões como «É preciso aferir da seriedade das afirmações proferidas», «Para averiguar do seu grau de pureza», «Indagar das suas intenções», etc.
Não seria mais correcto dizer-se, por exemplo, «indagar as suas intenções» ou «indagar acerca das suas intenções» ou ainda «indagar sobre as suas intenções»?
Ou o que está aqui em causa é apenas a omissão do «acerca» que permanece subentendido na frase?
Resposta:
A preposição de empregava-se muito antigamente (e ainda hoje) com o valor de acerca de, a respeito de , sobre.Mas esta preposição, assim como as locuções prepositivas que apresentamos de valor semelhante, têm, geralmente, significação menos abrangente do que se empregarmos indagar, averiguar, perguntar, saber, aferir, etc., seguidos de complemento directo. Comparemos as frases seguintes:
a) É preciso averiguar as suas intenções.
b) É preciso averiguar das suas intenções.
Na frase a) está bem expressa a totalidade das «suas intenções».
Na frase b) não, porque a preposição de tem aqui valor de acerca de, que pode englobar ou não englobar todas as «suas intenções».
Sendo assim, e conforme o que tenhamos em vista, é correcto dizermos:
a) Indagar as/das suas intenções.
Quando indagamos das suas intenções, podemos indagar apenas acerca, a respeito das suas intenções, mas somente nesta/s ou naquela/s particularidade/s. Portanto:
b) Averiguar o/do seu grau de pureza.
c) Perguntar a/da causa do acidente.
d) Saber: com este verbo, o caso é diferente. Com de (ou com sobre, etc.) significa estar a par de, estar informado de: Fulano foi assassinado, porque sabia das corrupções da época. A cozinheira não sabia dos garfos nem das facas de prata. Que queres tu saber de mim? Outra situação. Sejam as frase...