Faleceu no Rio de Janeiro, aos 97 anos, o gramático brasileiro Evanildo Bechara.
Reputado linguista, era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e, em Portugal, da Academia de Ciências de Lisboa e doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra, onde foi professor convidado na década de 80. Publicou obras de imenso sucesso no campo do estudo da língua, como a Moderna Gramática Portuguesa, Bechara Para Concursos e Gramática Fácil. Os seus estudos lexicográficos contribuíram para o avanço do conhecimento da língua e foi fundamental o seu papel no desenho do Acordo Ortográfico de 90.
Nascido em 26/02/1928, no Recife (Pernambuco), formou-se em Letras, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1948 e começou a sua carreira de professor de Língua Portuguesa no Colégio Pedro II em 1954. Especializou-se, entre 1961 e 1962 na Universidade de Madrid, em Espanha, sob orientação do filólogo Dámaso Alonso. Doutorou-se em 1968, na UERJ, onde foi professor titular e emérito, além de também lecionar na Universidade Federal Fluminense (UFF) entre 1975 e 1992.
Deste estudioso, além do enorme legado das suas publicações no campo da descrição da língua e da divulgação do conhecimento gramatical, fica a memória de uma enorme atividade a favor da unidade e projeção da língua portuguesa, sem descurar vários aspetos da sua variação geográfica e social. Sublinhando a sua perspetiva sobre o fenómeno linguístico, são-lhe atribuídas frases como «Devemos ser poliglotas na nossa língua» e «A língua não muda. Nós é que mudamos a língua.»
Sobre o falecimento de Bechara, ler também a nota publicada nas páginas da ABL.
De Evanildo Bechara, há vários textos disponíveis no Ciberdúvidas, que podem ser consultados aqui.
Fonte da imagem: "Evanildo Bechara: a enciclopédia viva da língua", Jornal DR1, 24/01/2024.