Na frase apresentada, é possível usar ou não o determinante artigo indefinido. Essa opção ficará dependente das intenções do locutor, o que acarretará consequentemente interpretações distintas, embora muito finas e nem sempre percetíveis numa situação de comunicação informal.
Assim, a opção de não usar o determinante artigo indefinido pode, entre outras possibilidades1, estar relacionada com a intenção de conferir ao enunciado um valor genérico, que permite interpretar a tempestade não como uma entidade específica e individual, mas como uma referência a um fenómeno múltiplo que não designa uma manifestação particular, tal como acontece nas frases seguintes:
(1) «A escola precisa de funcionário novo.»
(2) «É um trabalho para pessoa experiente.»
Por esta razão, a frase apresentada pelo consulente é aceitável, estando associada a este valor genérico conferido ao segmento «dar tempestade».
Seria, no entanto, possível optar pelo uso do determinante artigo indefinido na mesma frase:
(3) «O capitão foi avisado de que iria dar uma tempestade.»
Neste caso, a frase teria como leitura preferencial o valor [+específico], através do qual o locutor sinaliza que está a fazer referência a uma entidade do mundo (designando uma tempestade em particular), mas que não se identifica de forma concreta, eventualmente por falta de informação para o fazer. Acrescente-se ainda que a diferença entre as frases (3) e a (4) assenta no facto de o recurso ao determinante artigo definido permitir sinalizar uma entidade específica, apontando para uma tempestade que os marinheiros já conheciam bem:
(4) «O capitão foi avisado de que iria dar a tempestade.»
Disponha sempre!
1. Para identificar outros contextos de uso, veja-se esta resposta.