Apesar de sermos nós, os falantes, que decidimos o rumo que uma língua viva segue, não poderemos começar a criar novos vocábulos de forma desmedida (sejam eles adaptados do latim, do grego, etc.), caso contrário, em pouco tempo deixaríamos de nos entender uns aos outros.
É verdade que podemos criar neologismos e que estes enriquecem a língua, mas os neologismos devem ser criados quando são indispensáveis para traduzir um conceito. São desnecessários e devem ser evitados quando não trazem nada de novo, quando existem palavras apropriadas a esse mesmo conceito já dicionarizadas, como é o caso de "concelar", quando existe esconder (do latim abscondo, is, ondi ou ondidi, onditum ou absconsum, ondere) e ocultar (do latim occulto, as, avi, atum, are), e de "depleto", quando existe vazio (do latim vacivus,a,um) ou vago (do latim vacuus,a,um), etc.
Se assim o entendermos, poderemos, em certas situações (por exemplo, em registos académicos), usar palavras ou expressões latinas (não adaptadas), que na escrita devem ser destacadas com aspas ou itálico (como qualquer outra palavra estrangeira). Não convém, no entanto, simplesmente adaptá-las ao nosso gosto, correndo o risco de tornar o discurso ininteligível (tal é permitido apenas no discurso poético, onde existe total liberdade para criar ou alterar vocábulos e expressões, ou para ignorar regras gramaticais).
Note-se, contudo, que (apesar de constituir fenómeno raro) neologismos cujos conceitos são já expressos na língua por outras palavras, se amplamente difundidos, podem vir a ser dicionarizados e a tornar-se sinónimos das palavras existentes, pois, como dissemos no início, são os falantes que fazem que a língua viva, e, estando viva, está em constante transformação.