1. Em português europeu, as formas pronominais e a flexão verbal de 2.ª pessoa do plural estão vivas, nas regiões do Minho, do Douro e da Beira Interior, em contextos de conversação entre pares. Nesta medida é lícito, em Portugal, ensinar como vem nas gramáticas — vou, vais, vai, vamos, ides, vão com a ressalva de que as formas de segunda pessoa plural estão a cair em desuso. Nesta medida, não há anedotismo, mas utilidade no ensino destas formas, dado que os alunos (pelo menos os que seguem Humanidades) terão de ler textos históricos, onde a conjugação na 2.ª pessoa do plural é frequente.
2. No Brasil, a situação é diferente: vós tem já um estatuto de forma arcaizante. Reproduzo uma seq{#u|ü}ência de uma crónica de Sírio Possenti a propósito:
3. Avaliar a ado{#p|}ção do você em detrimento do vós como uma corruptela é proje{#c|}tar esta resposta no seio da querela entre descritivistas (que vêem nas alterações de usos o motor da evolução das línguas) e os normativistas que fazem coro com Camões: «e na língua, na qual quando imagina,/com pouca corrupção crê que é a Latina» (Os Lusíadas, Canto I, 33).