Os dicionários adequados ao novo AO, que já foram publicados em Portugal, não são unânimes no tratamento do prefixo re-. Um deles regista re-educação, com hífen; o outro, reeducação, sem hífen.
Até hoje tem sido reeducação quer em Portugal quer no Brasil.
Julgo que nesta palavra a mudança para uma grafia com hífen foi uma má interpretação das regras do novo AO [separar com hífen o prefixo quando a sua letra terminal for igual à letra com que começa o segundo elemento, Base XVI, b)]. A tendência da língua é para a aglutinação quando se formam unidades mórficas com prefixos de poucas letras (ex.: re-, de-). Repare-se que na mesma Base do novo AO se prescreve que o prefixo co- seja fundido com o segundo elemento, mesmo que iniciado com o (ex.: coopositor sem hífen, que tem sido até hoje co-opositor com hífen, quer em Portugal quer no Brasil).
Penso que a boa norma de actuação, enquanto não houver um vocabulário oficial para o novo acordo, é seguir estritamente o que está indicado no texto do novo AO. Ora este não menciona o prefixo re-, como muito bem observa; e nada nos autoriza a incluí-lo no “etc.” da norma.
A sua ilustre Academia Brasileira de Letras está a ultimar um Vocabulário Ortográfico para a Língua Portuguesa (VOLP) para o novo AO (publicação em Fevereiro p. f., segundo as últimas informações que possuo). Essa deve ser a sua fonte oficial. Escreva-lhes. Pode ser que obtenha resposta para o seu problema.
Em Portugal, devido à inércia de todas as entidades responsáveis, que se desculpam com falta de verbas e com o facto de termos uma moratória para 6 anos de adaptação, ainda não temos perspectivas quanto à publicação do nosso VOLP, necessário para a posterior elaboração do Vocabulário Comum (este previsto no preâmbulo do Acordo de 1990). Além disso, os países signatários terão de se pôr de acordo naqueles casos em que houver divergências (uniformizar ou aceitar duplas grafias).
Entretanto, dado que, como vimos, as opiniões divergem nalgumas soluções, o procedimento que recomendo mais aconselhável, nos casos em dúvida, é aceitar que os legisladores do novo AO foram sensatos e que não complicaram inutilmente, pelo contrário…
Diferenças neste texto para o novo acordo
Termos para Portugal: atuação, perspetivas
Para o Brasil: sem alteração