Trata-se do futuro do subjuntivo, ou, como se diz em Portugal, do conjuntivo. Nos verbos regulares, o futuro do conjuntivo tem a mesma forma que o infinitivo flexionado: «eles vão para onde eu morar/tu morares/ela morar...» (futuro do conjuntivo) vs. «não há possibilidade de eu morar/tu morares/ela morar... aqui».
O contraste só se materializa com verbos irregulares, quando se contrastam as orações subordinadas substantivas relativas (também conhecidas como relativas sem antecedente) com orações completivas não finitas de infinitivo:
1. Tudo depende de onde você estiver. [nunca *«estar»]
2. Tudo depende de tu estares disposto. [nunca *«estiver»]
Em 1, ocorre estiver, forma do verbo estar no futuro do conjuntivo, numa oração relativa sem antecedente (o advérbio relativo onde não remete par nenhum nome que o preceda)1. Em 2, a sequência «de você estar disposto» é uma oração completiva não finita, cujo verbo, estares, é uma forma do infinitivo flexionado.
1 Note-se que numa frase como «não sei onde morar», a forma «morar» corresponde ao infinitivo flexionado, mas este só ocorre em orações interrogativas, como acontece no caso em apreço: «Não sei onde morar» – cf. «onde morar?».