No caso apresentado, o recurso ao infinitivo flexionado é opcional.
O infinitivo flexionado deve ocorrer quando o sujeito da forma verbal da oração subordinada é distinto do sujeito da oração subordinante, como acontece em (1):
(1) «O professor aconselha os alunos a concluírem o trabalho.»
No entanto, como advertem Cunha e Cintra, será «mais acertado falar não de regras, mas de tendências que se observam no emprego de uma e de outra forma do INFINITIVO.» (Nova Gramática do Português Contemporâneo, p. 482). Esta afirmação justifica-se pelo facto de o infinitivo flexionado também poder ser usado quando o sujeito das duas orações é o mesmo. Por essa razão, as frases (2) e (3) são igualmente aceitáveis:
(2) «Os alunos habituaram-se a ler um livro por mês.»
(3) «Os alunos habituaram-se a lerem um livro por mês.»
A opção de infinitivo flexionado, presente na frase (3), pode justificar-se por razões estilísticas relacionadas com a intenção de dar destaque ao sujeito.
Perante o que ficou exposto, a frase apresentada pelo consulente poderá ocorrer tanto com infinitivo flexionado como com infinitivo não flexionado:
(4) «Vais ficar a saber como podes utilizar a plataforma para compreenderes melhor o teu público e atingires os teus objetivos.»
(5) «Vais ficar a saber como podes utilizar a plataforma para compreender melhor o teu público e atingir os teus objetivos.»
Nas frases (4) e (5), o sujeito dos verbos compreender e atingir é a segunda pessoa do singular, o mesmo sujeito da forma podes. Por essa razão, não é necessário que o infinitivo seja usado na forma flexionada. Não obstante, a opção pela forma flexionada permite destacar o facto de ser o sujeito tu a desenvolver as ações descritas como compreender e atingir.
Quando o consulente afirma que a opção pelo infinitivo flexionado «parece que torna o leitor numa criança», está a fazer uma avaliação meramente subjetiva das intenções da frase, que não tem qualquer justificação gramatical. Neste plano, poderemos apenas afirmar que a opção pela segunda pessoa do singular ou pela terceira pessoa do singular poderá indiciar uma relação da maior ou menor proximidade com o interlocutor. Esta seleção fica dependente, portanto, das intenções do locutor e da relação que este pretende manter com o interlocutor.
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