Na linguística, a distinção entre juízo categórico e juízo tético foi proposta pelo linguista Kuroda (Mateus et al. 2003: 317/318; ver também Rodrigues e Rochette) para descrever a estrutura da informação nas frases. Os juízos categóricos estão associados a frases como (1):
(1) «Os filmes do Scorsese são bons.»
Nesta frase, diz-se que há uma predicação que exprime um juízo categórico, porque existem dois actos cognitivos separados: por um lado, reconhece-se o que o sujeito é, e, por outro, afirma-se ou nega-se o que o predicado exprime a respeito desse sujeito. As frases que tenham associado este tipo de juízo permitem paráfrases como em (2):
(2) «O locutor está a afirmar acerca dos filmes do Scorsese que eles são bons.»
Em (1), vemos também que a estrutura sintáctica sujeito-predicado coincide com uma estrutura temática tópico-comentário, porque surge em primeiro lugar o sujeito, que designa a entidade, isto é, o tópico, a que se atribuem certas propriedades, e depois o próprio predicado, que é um comentário que expressa essas propriedades. Normalmente, em português, a duas estruturas coincidem, mas pode haver excepções:
(3) «Filmes do Scorsese, vi o Taxi Driver.»
Em (3), continuamos a ter um juízo categórico, mas a estrutura tópico-comentário não coincide com a estrutura sujeito-predicado: por exempo, o tópico é «filmes do Scorsese», mas o sujeito está subentendido («eu»).
Quanto ao juízo tético, este coincide com as chamadas apresentações, às quais está associado apenas um acto cognitivo, o de «reconhecimento ou rejeição material de um juízo» (Kuroda citado por Mateus et al. 2003: 318):
(4) «Saíram os filmes do Scorsese em DVD.»
A frase (4) não permite que «os filmes» seja o tópico da frase, antes apresenta globalmente um evento, estado ou situação, neste caso, o evento que consiste na edição de certa filmografia em DVD.
F. V. Peixoto da Fonseca lembrou também que, no vocabulário da filosofia, «tético é o juízo que se põe como tendo certo modo de realidade, ao passo que o categórico é o juízo que anuncia uma relação independente de qualquer condição».
Fontes: Mateus, M. H. M. et al. 2003. Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa: Editorial Caminho; Rodrigues, P. A. e Rochette, A. 2005. Os juízos tético e categórico e as leituras concreta e imaginativa dos verbos de percepção, disponível em linha.