«(…) O Sporting poderá estar prestes a ser protagonista da campanha mais mal desaproveitada de que há memória (…)».
"De tanto travar, o Sporting tropeçou nos próprios pés", Crónica de Jogo, Tribuna Expresso, 7 de abril de 2025
A propósito do recente desafio de futebol (07/04/2025) entre o Sporting e o Sporting de Braga, que terminou num empate a um golo e na perda da liderança do campeonato, tropecei na expressão «campanha mais mal desaproveitada». No fundo, o Sporting tropeçou no jogo com o Braga, o Expresso tropeçou na expressão e eu também quando li a crónica do jogo. Não parece haver grandes dúvidas de que a expressão correta seria uma de duas: ou «campanha mais mal aproveitada» ou «campanha mais desaproveitada», campanha mais mal desaproveitada é que não, pois é um contrassenso nos seus termos.
De onde virá o lapso? O mais provável é que advenha do próprio processo de escrita. A jornalista terá hesitado entre «mal aproveitada» e «desaproveitada». Pode ter escrito «mal aproveitada» e depois, por economia de escrita, ter optado por «desaproveitada», não tendo apagado o «mal», que ficou para trás, originando aquele «mais mal desaproveitada». Menos verosímil será a hipótese de a autora do texto ter sentido o prefixo des-, em desaproveitada, como reforço, tal como acontece em deslargar ou em desinfeliz, e não como negação ou cessação.